Você já deve ter assistido alguns desses programas (como esse que a Globo transmitiu em 07/05/2012 - Profissão Repórter) ou aqueles que reformam casas, transformam faveladas em "princesas", reformam carros velhos ou mesmo que mostram gente humilde fazendo coisas estranhas e ridículas. Essas são pérolas maravilhosas para os que concentram 85% de toda riqueza produzida e sobretudo para as mídias, porque são fontes de grandiosos lucros e apelos emocionais.
A pobreza também tem seu espetáculo! Porém, poucas vezes esse espetáculo se converte em vantagem para as comunidades pobres ou mesmo para aqueles que são pessoalmente explorados de forma midiática. Eles geram na realidade uma espécie de realização naqueles que sofrem todas as mazelas da nossa sociedade. Afinal, estão sendo percebidos e mostrados para o mundo inteiro, ainda que como uma espécie de aminais de um zoológico.
Perceba o quão contrastante é assistir milionários como Gugu, Luciano Hulk e tantos outros visitando os pobres, se tentando fazer parte, criar identidade e sinergia. Tudo para aumentar ainda mais suas rendas, afinal, a miséria vende e dá muito lucro.
Vivemos num contexto de vida que na prática mostra uma divisão dura e cruel entre pobres e ricos. Entre afortunados e desafortunados. Somos levados a reproduzir em nós a imagem de que somos pessoas realizadas por conta de nosso esforço e de que alguns dentre nós só vivem uma vida desgraçada porque elas próprias não fizeram qualquer esforço para mudar as suas vidas: ELAS SÃO CULPADAS e precisam de alguns bem sucedidos para afagar-lhes a cuca.
Mas, no final de tudo, os espetáculos da pobreza terminam suas tarefas e os entrevistadores afortunados vão embora enquanto os pobres coitados continuam na mesma situação de antes, porém agora, sabem que o mundo - ao menos por um momento - os percebeu e reconheceu suas existências medíocres e que não é sonho pra ninguém.
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