quarta-feira, 6 de junho de 2012

Miséria que salta aos olhos

Alguém um dia relatou que Madre Tereza de Calcutá, num dos momentos mais difíceis de sua vida, decidiu não usufruir do status que tinha para poder passar por tratamentos avançados que pudessem alongar sua vida por mais algum tempo. Ela argumentou que, se não pudesse ser oferecidos aos pobres dos quais ela cuidava, também não poderia ser pra ela. Apesar de não ter a certeza desse fato, gostaria de deixá-lo como provocação para as reflexões que se seguem.

Todos os dias andamos pelas cidades e vemos o esplendor e a riqueza da vida moderna. Tudo isso não está isento de contrastes. E, se passamos a observar com mais cuidado e atenção, podemos ver quão perverso e covarde é a lógica que impera nessa sociedade global na qual vivemos.

Se você for um pouco como eu, não vai poder ficar dias e dias sem ter acesso a internet, sem celular e sem crédito para gastar e pagar quando puder (as vezes nunca pudemos). Somos envolvidos por festas e celebrações das mais diversas. Gastamos parte importante de nossos bens com coisas que, para muitos, seria como ser ricos, milionários e, para outros, puro desperdício.

Mas, existe uma miséria que salta aos olhos e que para não ser enxergada, muitos recorrem a teoria do fracasso pessoal. Justificando que é o indivíduo que fracassou e não a nossa sociedade que tem como fundamento distribuir fracassos para concentrar sucesso.

É difícil entender o que nos leva a não tratar o enfrentamento da pobreza (da miséria) como uma prioridade absoluta. Nós vamos conseguir levantar vários Estádios de Futebol para por menos de trinta dias, protagonizar a realização de 64 jogos da Copa. Vamos montar uma super estrutura e gastar alguns bilhões nisso.

Não temos a mesma capacidade para enfrentar a fome e a pobreza. Pagamos um dos melhores salários  do mundo para os nossos parlamentares, governos e senhores do judiciário. Permitimos pagar fortunas para os setores privados para que prestem serviços, muitas vezes não prestados e forneçam produtos que muitas vezes não são fornecidos.

Somos omissos com a miséria e aceitamos que cortinas de fuma sejam colocadas para que não soframos com tanta omissão. Chamamos de preguiça, de incompetência. Dizemos que são as drogas, a violência e a falta de vontade das pessoas que geram essas situações de miséria. Mas essa não é a verdade. Existe algo mais profundo, mais covarde, mais cruel.

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